Quando tudo parece sexo, mas não é bem assim.
14 de janeiro de 2016
É quase meia noite e este texto é uma antiga publicação com um sentimento e circunstância atual. Já estou morrendo de sono e todos os outros dias não são muito diferentes. Quando a meia noite se aproxima, entro em coma. Tenho planos demais, mas o sono, a correria e o cansaço me impedem de seguir em frente no único horário que eu teria disponível. Assim como acontece comigo, provavelmente há de acontecer com muita gente pelo mundo. Nessa situação de cansaço contínuo e, também, de um acúmulo de frustrações, cada minuto resgatado torna-se luxo e, por isso, precisa ser aproveitado da melhor forma possível.
Aos 30 anos, a vontade era de se ter as coisas mais estabilizadas. Na verdade, todo mundo tem um desejo para ser concretizado até este momento da vida. Quando a idade chega e você não vê avanço, a frustração toma conta e tudo o que está ao seu redor recebe um certo peso. A lista de prioridades, então, torna-se outra e passa a liderar o topo. Com isso, o sexo, tão bem salivado, começa a ficar para trás.
Querer transar todo dia, desejar os homens que se aproximam ou fazer de tudo para se mostrar um pedaço de mau caminho começa a deixar de ter graça. Sair pra dar uma não é mais conveniente. Desesperar-se por ficar três meses sem sexo virou coisa do passado. Excitar-se facilmente com qualquer mão boba, ainda que em abstração, não faz o mesmo sentido. E mais, descobrir que a falta de sexo não mata ninguém.
A vida precisa se ajustar, se encaixar nas necessidades primeiras para depois começar a provocar e se voltar aos desalinhos do corpo e da voluptuosidade. Pensar assim não é ser careta nem deixar de se permitir. Para todo happy hour, há um intervalo não menos gostoso. A diferença é não mais buscar, não se afligir nem achar fio de cabelo em gema de ovo porque não transou. Há outras prioridades e outras angústias. Sexo passa a ser um bônus na conta dos prazeres.
No entanto, em quaisquer lugares não há outros assuntos. Fotos, piadas, mensagens, comentários, e libidinagens. Em tudo e em todos há algo relacionado ao sexo. Não há outro assunto na boca do povo. Sexo, em nossa sociedade, é praticamente tudo. Enquanto isso, eu e mais um tanto sentem que essa não é mais a mesma praia, pois serve apenas para banhos em pequenos feriados. A delícia está em falar sobre, desejar, sentir por imaginação e ficar de boa na lagoa com a sua ausência. Sabe de uma coisa? Viver assim não é ser careta, é pensar no além e buscar ser feliz por inteiro. Permitir-se não precisa deixar de ser palavra chave, ficar meses sem fazer sexo não a torna menos desejável, não alimentar conversas parecidas não a faz careta.
Quando os 30 anos chegam, você só quer se resolver. Depois disso, pode descer a lapa porque eu vou querer é uma orgia…hahaha. E você, despudorado(ada), como se encontra em todos os sentidos da vida? Plena ou se resolvendo e, por isso, cheia de prioridades que não sejam o sexo? Preocupação demais é foda, né? Se você consegue manter tudo na mais perfeita saliência, continue jogando duro. Se você não se encaixa no texto, não tem problema – faz parte.
Ainda que não transemos sempre e tanto, continuemos falando sobre o assunto e compartilhando experiências e vontades. Faz bem pra alma e pro coração.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.
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2 Comentários
thays
e quando esses “30 anos” acontece quando se tem 20 anos?!
Lu Rosário
Eita, Thays, você ta precoce, hein?