Quando a mudança interna começa a partir do cabelo
“Hoje eu sei que meu cabelo era lindo quando eu era criança. Porém, eu sofria quando minha mãe ia penteá-lo e ela considerava que meu cabelo dava muito ‘trabalho’. Foi então que, quando eu tinha uns 11 anos, decidimos que iríamos aplicar um produto pra ‘reduzir o volume’”, relatou Jacquelline Fernandes – professora de biologia.
Assim como Jacquelline, Bruna Larissa, consultora óptica, comentou que desde criança, a sua mãe sempre mantinha seu cabelo cortado bem baixinho para não ter muito trabalho de cuidar dele. De acordo com Bruna Larissa, a sua mãe dizia que “era muito cheio, ‘duro’ e ‘ruim’”. Portanto, ela cresceu ouvindo isso e, aos 6 anos, sua mãe alisou o seu cabelo para diminuir o volume.
Alisar os cabelos, muitas vezes, começa assim: na infância. Uma boa parte das mães, em outras épocas, não queriam ter trabalho para pentear o cabelo da filha nem, principalmente, vê-la fora do que foi estabelecido enquanto padrão de beleza até porque, somente assim, era possível ser bonita aos olhos da sociedade. Nos últimos anos, cresceu a quantidade de produtos para alisamento em cabelos de crianças. Assim, tornou-se mais fácil discipliná-los – motivo pelos quais as mães resolvem mudar os cabelos de suas meninas.
Essa disciplinaridade se faz necessária na medida em que há uma questão histórico-cultural que constrói a nossa forma de pensar na atualidade. Romper com uma construção neste sentido é transgredir as regras da sociedade. Por isso, o termo empoderamento surgiu como uma forma de agregar valor ao fato de mulheres, hoje, aceitarem assumir seus cabelos crespos.
Empoderar-se significa perceber a dimensão política que está representada no fato, por exemplo, de assumir os cabelos crespos e de compreender o quanto há uma discriminação relacionada à sua aparência para, assim, buscar mais conhecimento e começar a entender alguns fenômenos sociais, bem como lutar contra o racismo. Afinal, os cabelos crespos estão associados ao negro.
O preconceito aos cabelos crespos
Ivanildes Guedes de Mattos, doutora em educação e contemporaneidade, escreveu o artigo Estética afro-diaspórica e empoderamento crespo no qual traçou a trajetória que possibilitou à sociedade, nos tempos atuais, ter preconceitos em relação ao cabelo crespo.
De acordo com a doutora, após a libertação dos escravos no final do século XIX, não houve um interesse da burguesia pela mão de obra de escravos libertos e, assim, a sociedade brasileira encontrou-se com um grande contingente de homens e mulheres livres ocupando diversos espaços da cidade. Colocados à margem, a população negra foi sentenciada às práticas de racismo. “A cor da pele e os cabelos foram desde então os elementos mais estigmatizados da estética negra. Cabelos crespos eram rotulados de ‘cabelo ruim’ e os de pele mais escura, adjetivados como ‘negros fedidos’ e ‘feios’”, escreveu Ivanildes.
Desse modo, o cabelo crespo é reflexo do preconceito racial porque denuncia uma herança étnica e, em muitos casos, um histórico socioeconômico. Lara Vascouto, redatora e editora do blog Nó de Oito, salienta que é esse entendimento, ainda que inconsciente, de que o cabelo crespo é uma herança africana enquanto o cabelo branco é uma herança europeia que proporciona essa discriminação. A blogueira relembra que, durante o apartheid na África do Sul, a definição entre preto e branco era feita pelo teste do lápis em que o objeto era enfiado no meio dos cabelos e se caísse, a pessoa era negra; caso o lápis escorregasse, a pessoa era branca.
A doutora Ivanilde Guedes de Mattos, em seu artigo, ressalta: “É histórico que os negros para serem aceitos nos espaços sociais e do mercado de trabalho eram diretamente influenciados pelos padrões estéticos que beneficiavam aqueles mais próximos da estética branca. Daí o alto contingente de mulheres negras com cabelos alisados”. Desse modo, os indivíduos buscam formas de minimizar o preconceito adentrando em um padrão socialmente aceitável – neste caso, por meio do alisamento capilar.
Entretanto, nos últimos anos, isso tem mudado com o surgimento de um movimento de mulheres que trazem à torna uma discussão sobre afirmação estética a fim de que seu cabelo deixe de ser visto como algo negativo e passe a ser uma forma de combate ao racismo. “Entendo que o movimento de mulheres negras pelo empoderamento do cabelo crespo surge na contemporaneidade como um signo de apropriação de negritude anteriormente negado e silenciado pelo padrão branco de beleza”, escreveu Ivanilde.
As mulheres da geração atual, portanto, já buscam outras formas de cuidar dos cabelos das suas filhas. Magali Araújo, cabeleireira especializada em cabelos crespos, conta: “Há dois anos eu faço permanente afro em uma menina que, hoje, tem 7 anos. Volta e meia, umas duas vezes no ano, a mãe dela me procura. A mãe passava guanidina e o cabelo da menina, por muitas vezes, quebrou e caiu muito na parte da frente, então ela me trouxe e eu cortei tudo, tudo o que tava espetado e liso. Ela ficou com o cabelo curtíssimo, aí a mãe aguardou mais três meses e eu fiz a primeira permanente afro. Essa garota é uma das que saiu do alisamento e ela mesma fala: mamãe, eu quero meu cabelo cacheado. Hoje ela fala, sabe? Mas o cabelo dela é aquele que não cacheia, é aquele cabelo bem aramado, um black mesmo”.
Diante disso, surge a preocupação sobre o fato de sairmos da ditadura do liso e entrarmos na ditadura dos cachos, na qual é necessário tê-los bem definidos para que sejam aceitos. Apesar dessa preocupação, “as mães já pararam de fazer progressiva, mas elas ainda não estão sabendo o que fazer com os cabelos das crianças, então a gente ainda precisa de mais profissionais que entendam de cabelos afros”, ressalta Magali.
Ditadura do liso x Ditadura dos cachos
Falar em ditadura do liso é retomar toda a história, que foi apresentada anteriormente, para justificar a imposição que existe sobre homens e mulheres e que aponta para um alisamento do cabelo com o intuito deste ser aceito socialmente. “Todo mundo deve ter o cabelo liso – é o que é considerado bonito, elegante, sensual, atraente e bom. Já o cabelo enrolado, crespo e afro é cabelo ruim”, escreveu a blogueira do Nós de Oito.
Apesar das pessoas estarem assumindo os cabelos crespos e abrindo mão dos produtos de alisamento, tem surgido uma preocupação acerca da imposição dos cachos perfeitos cuja negação do cabelo bastante crespo e sem cachos permanece. Isso faz com que as pessoas esqueçam do verdadeiro sentido de assumir os cabelos naturais para que entrem em uma outra ditadura, a dos cachos.
O verdadeiro sentido, como a psicóloga Ludmilla Rios falou, está relacionado a construção da identidade: “Nós somos formados por partes, pela construção do perfil da mãe e do pai, então é um conjunto que vai formar o indivíduo, mas chega um certo momento em que ele começa a perceber o que é bom pra ele e constrói a sua própria identidade. Ele constrói a sua autonomia de acordo com esse momento de busca”.
Além do mais, a manifestação através do cabelo é uma forma de linguagem. De acordo com a psicóloga, “quando o indivíduo percebe que está se vestindo da forma dele e, assim, consegue ser quem ele deseja em qualquer espaço, ele formou sua identidade. Então, ele conseguiu se identificar e encontrar o seu próprio eu”.
Desse modo, o empoderamento crespo, representado por muitas mulheres e homens, salienta a beleza independente de como estão os cachos e, até mesmo, se o indivíduo prefere alisar os cabelos ou não.
Sempre rolavam críticas
Sair da infância com cabelos alisados é perpetuar a ideia de que esta é a melhor solução para se enquadrar na sociedade e, assim, conseguir se relacionar melhor com as pessoas a sua volta. A própria infância, inclusive, já traz traços de uma rejeição sistemática que incide no bullyng conforme o tempo vai passando. La Lunna MC desabafou que com 8 anos já ouvia piadinhas na escola sobre o fato do seu cabelo ser cheio e crespo. A partir disso, ela passou 14 anos alisando os cabelos com os produtos que surgiam no mercado. Ela enfatiza: “eu costumava alisar o cabelo sempre que eu percebia que a raiz estava ficando alta e o cabelo natural aparecendo”.
Diante da pressão exercida diariamente entre conhecidos e amigos, a autorrejeição é uma forma de se limitar e de buscar formas de aceitação, no caso, por meio do alisamento total dos cabelos – o que inviabiliza qualquer manifestação da raiz crespa. Além do mais, quem provoca bullying é resultado de um percurso histórico que estabelece padrões de beleza para os cabelos. Jacquelline Fernandes, que nos contou ter alisado os cabelos aos 11 anos, salienta que, quando cogitou a possibilidade de não alisar mais o cabelo, a mãe a desencorajou, “dizendo que iria ficar horrível porque os cachos nunca mais voltariam”. Para completar, ela acrescenta ser mais difícil enfrentar o preconceito da própria família, principalmente da mãe. Para Jacquelline, “o preconceito de pessoas ‘distantes’ de você é mais fácil de ignorar”.
Entretanto, não é apenas no meio escolar que existe uma crítica constante relacionada aos cabelos. A proprietária da loja Virtual Cosméticos e diretora da unidade de formação estética Visage, Camila Gobira, apontou quais eram os seus pensamentos em relação ao assunto diante das exigências do mercado: “Depois que assumi um alto cargo de trabalho, comecei a acreditar que a minha imagem de chefe deveria ser lisa, comportada, contida, equilibrada, centrada, elegante. O liso era a solução”, afirmou.
Diferente de uma criança, o adulto reconhece mais claramente as suas angústias e possui autonomia para mudar o que não lhe agrada. Desse modo, Camila resolveu procurar uma profissional experiente pra cortar o cabelo e se desfazer de uma imagem que não lhe representava internamente. “Ao relatar minha angústia em me aceitar, me toquei de que essa sim seria a minha válvula de escape. Aceitar o cabelo cacheado, volumoso e descomportado era a minha forma de gritar que eu estava frustrada em ser ‘normal’ para agradar os outros”, conta Camila.
Mais do que isso, quem está intrinsecamente inserido neste contexto de cuidar do cabelo do outro também não está livre de críticas. “Eu mesma tenho dificuldade quando vou dar aula no curso de cabeleireiro profissional feminino. Você acredita que na minha última turma, elas falaram ‘poxa, seu cabelo enrolado não é legal?!’ E isso foi unânime. Toda vez que escovo elas elogiam, passam a mão e dizem ‘que lindo’”, Camila ressalta.
O mercado da beleza
Nos últimos anos, com o movimento de mulheres que estão abrindo mão das escovas e chapinhas, o mercado tem buscado se adequar a esta nova demanda. A quantidade de produtos para o cuidado dos cabelos cacheados e crespos tem aumentado significativamente, além do surgimento de técnicas de cuidados – tais como o low poo (pouco shampoo) e no poo (sem shampoo) – com base nos componentes que constituem os produtos e que podem ou não virem a prejudicar os cabelos.
Assim, cada vez mais as mulheres têm buscado conhecer a composição dos produtos e utilizar outros recursos, além daqueles oferecidos pelo mercado, para cuidarem dos cabelos. Dessa maneira, frutas e verduras tornam-se aliados nestes cuidados. Para Magali, o mercado ainda está se preparando: “eu acredito que o mercado da beleza ainda vai lançar produtos que vão trazer a saúde mais rápida para os cabelos. Você pode ver que há alguns produtos que ainda não conseguem trazer aquilo que as mulheres precisam na verdade, que seriam os cachos com tanta perfeição”, acrescenta.
As escolas de estética também são pilares neste contexto porque são responsáveis pela formação de profissionais da beleza. Camila Gobira, ao assumir seus cachos, também começou a investir em produtos para cabelos crespos e a se interessar pela cultura afro, técnicas de cortes e tratamentos especializados para cabelos crespos, além de ter ampliado o seu público alvo ao incluir os homens. Com mais ênfase, ela assume que “hoje, vendo meu serviço com a minha imagem cheia de atitude. Ajudo pessoas a se libertarem de modismos e de padrões estéticos”.
As amizades e as redes sociais
Como a família brasileira costuma ser tradicional e se enquadrar em estereótipos pré-estabelecidos quando o assunto é cabelo, normalmente as adolescentes e jovens costumam buscar força nas amigas e amigos para se encorajarem e assumirem os cabelos e suas origens étnicas.
Jacquelline relatou que “em 2011 entrei na Uesb e descobri um mundo diferente, conheci pessoas de todos os tipos, inclusive meninas que se amavam e se aceitavam do jeito que realmente elas eram. Meninas que me mostraram que não precisavam alisar o cabelo para se enquadrarem num padrão de beleza”. Assim, a jovem que, na época tinha 18 anos, começou a cogitar a possibilidade de não alisar mais o seu cabelo. Ela ainda completa “Jéssika Layanne, minha amiga, foi crucial nesse processo, me adicionou no grupo Cacheadas em Transição no Facebook, e cada vez, mais fui tomando consciência do que eu queria”.
Nesse sentido, a decisão acaba se iniciando por experiências que vão além do âmbito familiar e, para tanto, é necessário que os meios também favoreçam essa possibilidade de se ver no outro e refletir sobre si próprio.
No caso do estudante de Jornalismo, Joslei Sandro, as críticas foram menos negativas em relação a família e sua mãe está resolvendo assumir os próprios cabelos crespos em decorrência da atitude do filho. Além do mais, o estudante salientou que “quando você vê uma pessoa negra de cabelo crespo, você acaba se reconhecendo nela. Minha irmã também assumiu os cabelos crespos depois que deixei meu cabelo crescer”.
Os blogs e grupos nas redes sociais são fundamentais neste processo de autorreconhecimento. A blogueira Mayra Carvalho foi uma das pessoas que influenciou outras tantas jovens a se reconhecerem enquanto donas de um cabelo tão bonito. Ao retirar toda a química do cabelo, Mayra e uma amiga resolveram contar um pouco da sua sensação de liberdade para outras pessoas que passaram pelo mesmo processo e para aquelas que ainda optavam em manter os cabelos alisados. “Resolvemos falar sobre receitas, fazer desabafos e contar para todos como nosso cabelo estava lindo e crescendo a cada dia”, salientou.
O blog escrito por Mayra Carvalho e Lu Rosário chama-se Não Alisa e, de acordo com as blogueiras, o nome advém de uma duplicidade de sentido por referir-se a uma expressão popular cujo sentido não dá espaço para atos de preconceito. Além do mais, Não Alisa – como próprio nome também já diz – é uma forma de expor sua vontade de ser contrária ao liso e manter os seus cabelos com a definição com o qual nascera.
Nos diversos grupos das redes sociais, em especial o Facebook e o Whatsapp, mulheres de diferentes idades compartilham a sua experiência e imprimem sensibilidade, amor próprio e liberdade em cada publicação. Desse modo, os comentários em cada uma delas apontam para uma vontade que surge de forma mais intensa em relação ao desejo de se apresentar do jeito como elas realmente são.
O grupo Cacheadas em Transição, no Facebook, possui aproximadamente 205 mil participantes e o número de mulheres e homens interessados por esse universo aumenta a cada dia. No Whatsapp, existe o Encrespa Conquista. Este é um movimento de mulheres que surgiu em Vitória da Conquista, em 2015, e se mantém na rede social. Nesse grupo, as mulheres se ajudam em relação aos preconceitos, aos produtos capilares e as angústias do dia a dia.
Amor próprio
A mudança externa está sempre relacionada a interna. Assim, quando alguém resolve mudar o cabelo, a tendência é que o interno também passe por uma reformulação. Neste caso em questão, os cabelos recuperam as suas raízes e vão contra o processo que tem regido a sociedade.
Lorena Arruti, estudante pré-vestibulanda, acredita que sua vida mudou totalmente após retirar toda a química que alisava os seus cabelos. Isso aconteceu aos 10 anos porque ela queria o cabelo liso por achá-lo mais bonito, comportado e fácil de arrumar. Além disso, as colegas na escola tinham os cabelos menos volumosos e isso fazia com que ela se sentisse diferente. Lorena, atualmente, diz: “Eu me sinto confiante e feliz porque agora eu posso ser quem eu sou de verdade. Quando eu me olho no espelho, eu vejo uma pessoa que está bem consigo mesma, pois ela venceu a timidez e o medo de assumir o que é dela”.
Esta mudança de olhar também foi relatada por La Lunna MC, a qual afirmou que a “visão de mundo parece que mudou depois que eu me libertei da química, eu me senti mais leve, passei a amar cabelos crespos e cacheados e me senti uma pessoa completamente renovada, como se tivesse sido purificada, realmente foi algo libertador”.
A psicóloga Ludmilla Rios afirma: “Quando a gente fala desse período que o indivíduo se sente seguro mudando a sua parte física, a gente se refere a uma conquista dele. Nós temos várias crenças, que são conceitos passados pelos nossos familiares e pela sociedade, que as pessoas tomam como verdade e têm muita dificuldade de desconstruir. Através da desconstrução, o indivíduo consegue assumir a sua verdadeira identidade que vem de algo único e muito particular. Então, cada indivíduo possui a sua identidade e consegue atingir a sua autonomia”.
Não diferente do que foi dito por Lorena Arruti e La Lunna MC, Jacquelline confessou que se a mulher não estiver muito consciente do que quer e realmente fortalecida, ela acaba se arrependendo por ter se desfeito dos cabelos lisos. “À mulher sempre foi ensinado que, para ela ficar bonita, tinha que se submeter a um processo químico. Numa sociedade em que o cabelo bonito é só o liso, enfrentar toda uma concepção é REALMENTE ENFRENTAR O MUNDO”, exprimiu de forma enfática.
Para mostrar este enfrentamento e demonstrar todo este amor próprio que as permeiam, 15 meninas participantes do grupo Encrespa Conquista se reuniram para um ensaio fotográfico nas ruas de Vitória da Conquista. Bruna, uma das incentivadoras, disse que “a ideia foi mostrar que somos lindas e do jeito que somos sem seguir padrão de beleza. Por isso que cada uma foi no seu estilo e com seu jeito próprio de se vestir”.
Um dos fotógrafos, José Abisolon, contou que “foi muito interessante ser convidado para fotografá-las. Ter a oportunidade de contribuir com o empoderamento feminino é a desmitificação de que cabelo crespo é cabelo ruim”. Ele acrescenta que “durante todo o dia, as meninas estavam radiantes e trocavam muitos elogios entre si”.
Por ser uma também uma forma de enfrentamento, Joslei Sandro confessou ter assumido seus cabelos crespos como um modo de se manifestar politicamente e de incomodar as pessoas que tinham preconceito. “Apesar de ser um ato político de resistência, hoje em dia é mais tranquilo porque eu aprendi a me gostar e me reconhecer assim”.
No entanto, ainda existem muitas mulheres que se reprimem ao não se aceitarem encrespadas ou por trabalharem em lugares onde o liso é uma imposição. Para a profissional especializada em cabelos crespos, Magali Araújo, “ainda é preciso que essas mulheres mudem os seus pensamentos em relação as suas origens”. Cabe a nós, mantermos a vitalidade dos movimentos a favor dos crespos e considerar que toda beleza é válida e é única.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.