Foda é foda, mas você pode acabar se fodendo.
Adoro a palavra foda. Quando a pronuncio, salivo. Ela pode ser verbo, substantivo e adjetivo e, assim, foder carrega toda uma carga semântica e diz exatamente que a ação é bem mais gostosa do que o simples enroscar de corpos. Foder é transar com gosto, com gana e com todas as armas que os dois, três ou quantos forem possuem. A foda seria a transa, a delícia em si e, portanto, uma palavra substantivada como os porquês que nos aparecem por aí. Agora, a depender do modo como eu digo esta palavra e o gerúndio do seu verbo, lascou-se. Toda coisa boa tem um contraponto e se eu disser que me fodi, provavelmente há uma carga negativa aí. Até parece que estou enrolando e estou mesmo. O assunto desta postagem vai além de se discutir o uso semântico dos termos foda, foder e fodendo.
Foder é bom, é óbvio. No entanto, não é algo que pode ser feito de qualquer jeito. Quer dizer, é algo que pode ser feito em qualquer lugar, mas que merece ter os devidos cuidados e a camisinha está nesse cenário justamente pra isso. Assim como eu, todos sabem que o uso do preservativo é a arma mais eficiente para a prevenção de doenças e para evitar uma gravidez indesejada, porém, nem sempre agimos desse modo e deixamos o tesão falar mais alto. Lembre-se que melhor que um foda daqueles, bem fodástico, é você poder repetir a dose sem peso na consciência.
Nós estamos muito acostumados a pensar que fulano e sicrano não tem doença alguma porque isso e aquilo, mas não há desculpas para que alguém possa ou não ter alguma doença que se transmita sexualmente. A maioria dos casos que eu conheço são de mulheres que adquiriram tais doenças dos seus maridos em casamentos longos. Pensa aí? O casamento é uma relação que se baseia em confiança, principalmente no aspecto sexual. Quando uma das partes se permite a relações extraconjugais sem que o parceiro saiba, a transmissão de doenças se torna totalmente possível. E convenhamos: uma boa parte dos relacionamentos passam por isso e essa situação é foda – no mal sentido, é claro!
Se em um casamento, você já sofre riscos; imagina em relações casuais, hein? A gente tem costume de ir ao médico só quando realmente sente que está precisando, temos também o costume de nos prevenir apenas quando há uma polêmica a respeito de determinada enfermidade. Entretanto, as coisas não deveriam seguir esse caminho. Prevenção é algo extremamente necessário. E outra: a prática do aborto é criminalizada, ou seja, se você escolher não ter o bebê, terá que recorrer a clandestinidade e colocar a sua vida em risco.
Então, lindos despudorados, quando for foder, lembra das palavras dessa moça aqui e foda com gosto, mas com camisinha também. Quando eu estiver na mesma situação, lembrarei da minha promessa. Estou correndo de riscos, de medos e de angústias, quero foder, foder e foder, mas permanecer linda e gostosa – esbanjando saúde. E você, quer entrar nessa e fazer a promessa também? Oh, eu topo ter aliados.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.