“Melhor só do que mal acompanhada”, diz o ditado.
Sabe uma expressão que nunca sai de moda? Pois é, quando uma mulher diz “Melhor só do que mal acompanhada” é porque ela já sofreu tudo o que tinha para sofrer. Diante disso, não preciso nem saber como ela surgiu porque, claramente, a mensagem já diz tudo e, por certo, veio à tona por meio de uma mulher que se empoderou neste sentido, ou seja, tornou-se poderosa ao se perceber melhor sozinha do que ao lado de alguém que não lhe convinha.
A sociedade, baseada no cristianismo, determina que a família deve ser formada por homem, mulher e filhos. Entre outras palavras, a família deve ser heterossexual e se sustentar de todas as formas porque o seio familiar constituído é uma aliança divina. Para os cristãos, apenas a morte ou o adultério são capazes de desfazer esse lado. Porém, quando a afinidade deixa de existir entre o casal, o que deve ser feito? Para muitas mulheres, é preciso continuar e manter a relação e este base familiar.
Entretanto, não é apenas isso que sustenta a relação. Há casos de mulheres que, por terem baixa autoestima, permitem-se ficar com o outro porque acreditam que ficar só pode ser algo permanente. Imaginam que sozinhas, vão perder a possibilidade de entrar no time da tradicional família brasileira – afinal, a sua criação deve ter sido direcionada para isso. Vêem-se donas do lar, cuidando do marido e mãe de alguns pirralhos.
Normalmente, tais casos são acompanhados de uma prisão psicológica. Estar preso psicologicamente é alguém é não perceber a própria existência no mundo, é estar mentalmente saturado. Quando estamos assim, ouvir o outro é difícil, mas necessário. Os psicólogos também exercem muito bem o seu papel de nos fazer reconsiderar todas as circunstâncias em que estamos inseridas.
Nem preciso dizer que esse texto é exclusivamente feminino, não é? Somos nós, mulheres, que sofremos a pressão maior por conta do nosso gênero – a mulher mãe, dona de casa e que, ainda trabalhando, deve arcar mais fortemente com os deveres de casa e a criação dos filhos. Mas sabe o que eu acho sobre a tal expressão “Melhor só do que mal acompanhada”? Acredito que, sim, ela é mais do que verdadeira. A gente não precisa seguir esse padrão de família e de felicidade (que pode se tornar às avessas). A gente tem que se sentir bem e sentir-se bem nem sempre envolve ter alguém.
Não combinamos com prisão, mas com liberdade. Liberdade de fazer o que quiser, estar com quem quiser ou de estar sozinha (mas com participações especiais). Tais participações só surgem em nossa vida quando estamos bem conosco mesmas. Quando ouvimos o que gostamos, arrumamos nosso cabelo como queremos, vestimos as roupas que se identificam conosco e vivemos um estilo de vida que é nossa cara. Pense nisso e se jogue. A liberdade é algo que pertence apenas à você e ninguém pode consegui-la pra ti. Livre-se dos embustes e seja feliz!
“Cê tá sofrendo/ Porque fez toda cachorrada / Tô melhor só do que mal acompanhada/ Da sua cara eu tô cansada/ Você não vale nada” – Mariana Fagundes.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.