E esses namoros de uma vida inteira?
A gente não sabe ao certo o que nos leva a ficar com alguém durante anos e sem mais tanto amor. Na verdade, sem amor. Alguns relacionamentos surgem no ímpeto, paixão – quem sabe. Depois, começa a haver falta de carinho, desconfiança e confusões. O caso de Maria era assim, o de Sicrana e Fulana também. Quer saber? Há milhões de casos como esse. Dizem que namoro longo demais acaba não dando em nada que resulte em felicidade e eu tenho começado a acreditar nisso de tanto ouvir casos em que um casamento ou o fato de irem morar juntos colocou tudo por água abaixo.
É aquela coisa: começou a namorar, era o cara perfeito ou vice-versa. Depois, os defeitos começaram a surgir. Quiçá um ciúme absurdo, um jogar as coisas na cara, um nos fazer passar vergonha, uma anti-socialização, um probleminha de família aqui e outro acolá, um sexo frenético de não se aguentar mais ou o inverso disso e a falta de sexo, um beijo vez por ano, uma palavra ríspida, um caso ou outro de que o viram ali com outra pessoa e tal. Se não for nada disso e mais um pouco, um marasmo e uma falta de planos, um acômodo e uma vida toda que se leva juntos sem planejamentos ou com planejamentos que nunca entram em prática. Até que um dia as pessoas começam a perguntar quando vão casar, se pretendem ter filhos e se vai ser assim pra vida toda. A pressão aumenta e pum!
Pum? Sim. A cabeça parece estourar de tantas preocupações e comparações aleatórias porque a gente sempre conhece aquele que já casou e já tem filhos ou, simplesmente, é aquele prorrogar de coisas para não perder as expectativas. Então, acreditam que o casamento será depois da faculdade, aí é depois que passar no concurso, depois vem o fato de ter uma casa, de ter e conseguir mais aquilo. E o sentimento no meio disso tudo? Está morno e quase esfriando.
Namoros longos ocasionam isso: acômodo. Quem acomoda, não sente mais aquele friozinho gostoso na barriga, não sente que mais nada é inusitado porque, apenas, acostuma-se com as certezas e incertezas. Namoros de cinco, sete, dez, quinze anos são grandes baldes de água fria sobre a gente. É sinal que se algo vier a andar, nunca mais terá aquele ímpeto gostoso que deveria ter. Pode até haver amor, mas nada que seja realmente fiel a total felicidade de ambos quando o relacionamento se dá diante de uma enrola para viver juntos – sejam casados ou não.
Quem ama e quer mesmo juntar as escovas de dentes com o outro, dá logo um jeitinho ou começa os planos e faz de tudo para que a coisa aconteça. Um namoro não precisa durar uma vida para, enfim, os trapos serem juntados, né? O acômodo que uma relação permite é uma das piores coisas que existe porque acaba nos privando de várias outras e, a depender do caso, nos possibilita uma série de questionamentos e problemas de autoestima.
Portanto, musas e musos, abram o olho e, se estiverem enroscados e for algo com cara e com tudo para dar certo, então se joga logo!
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.