Na minha bolsa, carrego o que eu quiser.
Ela sai linda e desfila vaidade com suas unhas vermelhas, salto alto, batom cor de boca e cabelos penteados. Mais do que isso, exibe elegância em cada passo e espontaneidade no olhar. Ir ao trabalho, resolver problemas na rua, fazer compras, visitar amigos ou sair pra badalar – não importa. O importante, mesmo, é estar sempre prevenida para certas ocasiões. Como assim? Que ocasiões? São essas mesmo: ocasiões relacionadas ao sexo. Camisinha tem se tornado uma acessório essencial na bolsa feminina junto com outros itens considerados importantes para que a vontade e oportunidade batam e possam ser tranquilamente saciadas.
No entanto, a sociedade continua a ter um cunho machista e isso aponta a mulher como alguém leviana por carregar tais acessórios consigo. Em outras palavras e segundo as expressões populares mais conservadoras, “puta é quem já anda preparada pra transar”, “mulher direita não carrega essas coisas, quem tem que andar com isso é homem” ou “se fosse direita, não ficava dando em qualquer lugar”. Me poupe, né gente?
Você vai pra balada, conhece um cara massa e bate aquele tesão. Você sabe que provavelmente não o verá mais. E aí? Vai perder de ceder sua vontade só por medo do que irão pensar? Claro que não! Mas e se ele não tiver com camisinha?! Para tudo: você não vai transar com o cara desprevenida – primeiro porque você não pode sair confiando por aí e se arriscar a pegar alguma doença sexualmente transmissível e, segundo, porque engravidar de um desconhecido é algo possível e não é legal.
Diante disso, você interrompe os amassos e fica só em preliminares – que é bom, mas é um saco porque o cara é gostoso, a coisa ta boa, você não sabe se vai voltar a vê-lo, então quer logo dar tudo – ou você tem uma carta escondida na manga que é justamente aquelas camisinhas que carrega dentro da carteira onde quer que você vá. Sinceramente, vocês vão foder o resto da noite de forma protegida e imbecil é quem fizer mal juízo de você só porque estava preparada pro rala e rola.
Acontece que os homens têm se tornado cada vez mais promíscuos e as mulheres mais espertas. O prazer é dos dois, a vontade e a abertura para as possibilidades de sexo casual são as mesmas. Por que não compartilhar desses itens tão importantes para a saúde íntima de ambos?
Se ela sai linda e ostentando elegância, não vai perder a majestade porque está levando uma camisinha na bolsa. Pelo contrário, vai ficar mais linda ainda por ser decidida e não ficar a mercê de homens irresponsáveis. Mais do que isso: ela é aventureira e sabe que pode ter oportunidades pelo caminho. Se te chamarem de puta por isso, empina o nariz e o bumbum – ser puta não é nenhum xingamento. E outra: camisinha é pouco, tem mulher que carrega calcinha reserva, gilete, gel, anestésico e por aí vai. E elas estão mais do que certas: com tudo em mãos, garante-se a transa perfeita, mesmo que seja em uma parede ou em um chão qualquer.
Aos conservadores, beijinhos no ombro pelo recalque que a modernidade oferece. As mulheres estão se tornando muito mais seguras de si e se o pensamento de vocês não mudar, queridos, em breve estarão batendo punheta porque mulher alguma vai querer um homem que cospe ignorância.
Quanto a gente, delícias, o que vocês pensam sobre o assunto e o que carregam na bolseta de vocês? Rapazes, o que acham das mulheres que andam prontas para o crime? É tão gostoso falar de sexo que não é à toa que ando tendo orgasmos textuais. Ai ai. E quer saber? Na minha bolsa, eu carrego o que eu quiser, independente para onde for. Vai me julgar? Então nem vou mandar você se foder porque quem juga demais acaba perdendo.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.